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vol 28 • 2020

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MULHERES E EDUCAÇÃO: TRAJETÓRIA REALIZADA POR UM GRUPO DE MULHERES DA FLONA/Floresta Nacional de Tefé/Amazonas/ Brasil

MULHERES E EDUCAÇÃO: TRAJETÓRIA REALIZADA POR UM GRUPO DE MULHERES DA FLONA/Floresta Nacional de Tefé/Amazonas/ Brasil

Êmila da Silva de Andrade [1]

Rita de Cássia fraga Machado [2]

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RESUMOE

Este trabalho traz resultados da investigação iniciada em 2017 no projeto EDUCAÇÃO DAS MULHERES DA FLORESTA NACIONAL DE TEFÉ: Participação e Emancipação, no qual visou à análise do processo de emancipação e participação das mulheres da Floresta através da educação não-formal. O pressuposto teórico se apoia metodologicamente na pesquisa-ação participante. Nesse tipo de pesquisa não se limita em pontuar apenas os sujeitos populares que participam do processo, “ela própria é uma alternativa coletiva de criação de conhecimento social” (MACHADO,2015, p.30). A abordagem tornou-se necessária para discutir a desigualdade de gênero existente dentro das comunidades ribeirinhas. Além do esforço da pesquisadora também houve contribuição de alguns parceiros que fizeram parte desse processo, como do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Instituto Federal do Amazonas (IFAM) e a pesquisa coordenada pela professora Dra. Rita de Cássia Fraga Machado. Buscou-se evidenciar o avanço na trajetória emancipatória vivenciado pelas mulheres da floresta. Através de estudos de campo, entrevistas individuais e em grupo conseguimos resultados que comprovam nossas investigações. Percebemos que o processo é inacabado, porque a educação é um processo contínuo. Os resultados obtidos demostram o posicionamento cada vez maior das mulheres em tomadas de decisões no que refere a sua vida e suas comunidades. Notam o seu valor enquanto mulher e agricultora e buscam através da prática sustentável de suas hortas uma vida melhor para elas e suas famílias.

Palavras chave: Mulheres, Educação, Participação, Emancipação.

Nós somos com as castanheiras do Norte: grandes, fortes e resistentes.

O presente artigo foi resultado final de um projeto pesquisa do PAIC [3] e também integrou o terceiro capítulo da minha monografia. Onde visou à análise do processo de emancipação e participação das mulheres da FLONA. Durante o período de agosto de 2017 a julho de 2018, foram realizados participações em Encontros de Formação e nas suas reuniões, no qual contribuíram para a investigação no que se refere ao processo de emancipação construído pelas mulheres da FLONA.

A pesquisa tornou-se relevante na medida em que buscou vivenciar os processos de educação popular [4] visando à participação e ampliação da consciência das mulheres da FLONA das seguintes comunidades: São Francisco do Arraia, Santa Luzia do Catuiri, Comunidade de Bom Jesus, Vila Sião e São Francisco do Bauana,onde tais mulheres historicamente foram deixadas a margem da sociedade, pelas questões de classe, raça e gênero.

Nesse sentido, a problemática se dava em saber em que medida a participação das mulheresnas várias atividades nos encontros, nas suas hortas e reuniões gerais do grupo pôde contribuir no processo de emancipação e construção de autonomia delas.

Nessa etapa analisamos o aumento qualitativo das suas participações. Buscou-se evidenciar o avanço na trajetória emancipatória vivenciado pelas mulheres da FLONA. Analisamos a partir das suas falas o quanto elas estão compreendendo o seu valor no trabalho e na comunidade, negando qualquer estigma sobre o papel da mulher.

Nesse sentido a sua participação nos trabalhos referentes às hortas tornam-se um favorável meio de investigação para evidenciarmos o seu processo de participação e emancipação.

A PARTICIPAÇÃO COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA

A participação é considerada importante uma vez que se compreende que a partir dela poderemos tomar parte naquilo que nos é de direito. Diaz (1994) refere-se que tomar parte é fundamental. Quando se tomar parte, sendo forma de decidir juntos com o grupo os objetivos a serem atingidos. Nesse decidir, no refere às mulheres da FLONA e articulando-se entre si, é possível para elas fazer Encontros de Formação que falavam de direitos sobre as mulheres agricultoras. A partir de suas demandas que a equipe organizadora age e realiza os encontros.

O autor Diaz (1994) vem discutir, sobre “A participação ativa e passiva”. A ativa é um membro que exerce ação, que põe em prática pode-se dizer seu poder de decisão, conduz para um cidadão encorajado, são pessoas que tomam parte dentro do grupo. Participar passivamenteé deixar outros assumir as decisões por você, esta conduz para um cidadão inerte.

Refletindo sobre a participação no âmbito social, no qual serviu para compreender a importância dentro do grupo das mulheres, destaca-se a reflexão do autor:

De modesta aspiração a um maior acesso aos bens da sociedade, a participação fixa-se o ambicioso objetivo final da “autogestão”, isto é, uma relativa autonomia dos grupos populares organizados em relação aos poderes do Estado e das classes dominantes. Autonomia que não implica uma caminhada para a anarquia, mas, muito pelo contrário, implica o aumento do grau de consciência política dos cidadãos (DIAZ, 1994, p. 20).

O ato de participar deve ser imbuído por presença ativa e decisório por quem buscar autonomia seja em qual for o âmbito. Reforçamos que para haver maior participação social é preciso aprender as formos de adentrar nesse contexto. A educação contribui para isto.

Fazer com que as mulheres da FLONA entendessem os preceitos da participação dentro de um grupo foi aprendido no projeto maior [5], pois isso é reforçado entre as mesmas, na qual sempre alertam umas as outras que precisam contribuir e não deixar os seus trabalhos para as outras realizarem, no que refere as hortas que elas cuidam [6]. Como é reforçado por uma das mulheres “Porque nós mulheres devemos participar mais dos trabalhos das hortas, que não devemos ficar isolada uma das outras e devemos ter informações, sermos pessoas bem informadas e respeitar umas as outras”(Gravada na comunidade São Francisco do Arraia, 08/10/2016). Podemos perceber que o trabalho ativo realizado nas hortas é visto como uma união saudável e respeitosa dentro do grupo. Quando cada uma faz a sua parte, além de não “ficar isolada”, torna-se um ato de respeito para com as companheiras de trabalho, deixando de ser uma participante passiva.

Na fala de uma participante podemos perceber que está se encontrava com uma participação restrita, consequência do contexto familiar que estava.

Que quando a gente tá no trabalho, e alguém chega e comenta assim: - Ah meu marido não queria que eu vinhesse aqui, ele falou pra mim que eu não tinha trabalho né e fui procurar trabalho-. Ai é uma maneira de ela achar que a gente, achar não, que nós somos amigas e compartilhar o problema dela né. Ai uma responde de lá: - diz pra ele não fazer isso não, diz pra ele vim participar com a gente também (Gravada na comunidade São Francisco do Arraia, 08/10/2016).

O relato sobre a participação restrita de uma de suas companheiras é rejeitado dentro do grupo.O intuito de dotá-las de informações, jamais teve proposito de criar brigas em suas famílias, mas mostrar que a mulher pode escolher o que fazer e como fazer. Ninguém é sujeito da autonomia de ninguém, já dizia Paulo Freire (1996). A escolha de participação seja em qualquer instância é um direito que deve ser reivindicado e posto em prática.

Nesse sentido participação para nós é vista como o processo de emancipação que vem sendo traçado pelas mulheres da FLONA.

A EMANCIPAÇÃO : UMA CONQUISTA NECESSÁRIA

O processo histórico de emancipação das mulheres sempre foi recheado de antagônicas e preconceitos machistas em tudo o que era reivindicação do gênero feminino. No que se refere à educação, compreendemos que sua prática deverá ser realizada visando um aprendizado emancipador, que contribua para valorização dos saberes das mulheres das comunidades tradicionais.

Segundo a concepção marxista compreendemos que a emancipação da mulher e a emancipação humana são ideias inseparáveis. Entendemos que

A evolução de uma época histórica é determinada pela relação entre o progresso da mulher e da liberdade porque relações entre o homem e a mulher, entre o fraco e o forte, fazem ressaltar nitidamente o triunfo da natureza humana sobre a bestialidade. O grau de emancipação feminina determina naturalmente a emancipação geral (MARX s/d apud FUSER 2009).

Entende-se então que a educação das mulheres está relacionada a uma emancipação de todos. Quando mais as mulheres forem livres mais saberemos que a sociedade em geral esta caminhando a rumos emancipadores. Quando se refere às mulheres da FLONA acreditamos que a sua autonomia que é traço desse processo irá beneficiar uma comunidade inteira.

Em sua tese Bonfim (2018) discute sobre a desigualdade de gênero a partir da pedagogia histórico–crítica e do materialismo histórico–dialético, na qual fundamentou seus escritos em alguns autores marxistas. Esta dialoga de uma forma deslumbrante sobre a importância do debate sobre a condição da mulher. A partir de suas discursões percebe-se o desafio encontrado pela mulher brasileira para sua plena emancipação.

As relações desiguais na sociedade impedem a emancipação da mulher. Conforme (BONFIM, 2018) as condições que produzem a desigualdade são históricas e que ainda vem condicionando as relações, especialmente, na educação. Como por exemplo, a dupla moral que contribui para opressão e humilhação da mulher na sociedade (BONFIM, 2018). E não só na questão moral, mas também na naturalização dos fazeres domésticos, no qualLeninclassifica como escravidão, sim a mulher fica tão retida aos afazeres domésticos na sociedade capitalista, que sua situação para ele foi vista como uma escrava doméstica, que se ver retida aos filhos, ao lar e a cozinha (LENIN, 1980).

O conhecimento histórico da condição da mulher é um grande passo para a conscientização e construção do conhecimento crítico, isto se torna essencial. Para enfim ocorrer à superação da opressão que a mesma sofre na sociedade atual.

Nesse sentido,

Pressupõe–se ainda, que a plena emancipação da mulher só ocorrerá através da aquisição da consciência crítica sobre sua condição histórica e da opressão que sofreu e ainda sofre na sociedade. A criticidade emerge essencialmente do movimento: intelectual e físico da mulher, da sua liberdade de ser, pensar, viver e escolher, através de sua própria percepção, os caminhos que deve percorrer para escrever por si mesma sua história. Assim, o acesso ao conhecimento precisa ser sempre o início e nunca o fim. (BONFIM, 2018, p.7).

No momento que mulheres perceberem a situação de opressão que vivenciam na sociedade, até em suas casas, escolas, comunidade etc., e compreender o quanto são oprimidas e refletirem sobre isso; estas poderão mudar o rumo e fazer escolhas autenticas sobre sua vida. Protagonizada por elas, suas escolhas não mais sofreram contaminação de quem elas não querem. Uma educação que vise à superação dos preconceitos de gênero é essencial para formar sujeitas conscientizadas de sua condição social.

Nesse contexto o conhecimento histórico bem como fora supracitado anteriormente com a autora Bonfim (2018), nos remete a pensar no que Paulo Freire (2001) pensou quando abordou sobre a superação que pode ser feita pelos seres humanos sobre a compreensão mecanicista da História, ver o futuro inexorável,como algo predeterminado. Esta nega que a educação pode algo, antes que aconteça a transformação das condições materiais. Mas superar implica uma nova visão de ver a História. Esta é inteligente, porque descarta um futuro inflexível, e reconhece os fatores condicionantes que homens e mulheres estão submetidos.

É importante ressaltar que:

[...] Ao recusar a História como jogo de destinos certos, como dado[sic],ao opor-se ao futuro como algo inexorável, a História como possibilidade reconhece a importância da decisão como ato que implica ruptura, a importância da consciência e da subjetividade, da intervenção crítica dos seres humanos na reconstrução do mundo (FREIRE, 2001, p.47).

Precisamos compreender que é possível transformar o mundo em um lugar mais justo. A educação deverá ser um instrumento para isso. É fundamental esclarecer que as mulheres poderão superar condições de opressão a parti da reflexão sobre sua situação histórica enquanto mulher. E o ensinar a refletir cabe a uma educação que as ensine o caminho para esse processo.

Sabemos que a escola e a família por vezes reproduzem as desigualdades do sistema patriarcal e capitalista, inculcam e infelizmente por vezes, com grande efetividade na mente das meninas.

A própria educação familiar acentua e reforça estes diversos aspectos. Desde criança a moça é educada de uma maneira diferente do rapaz, sendo–lhe inculcado um sentimento de inferioridade. Nada disso é surpreendente: como dissemos, a sociedade exploradora fomente a ideologia, a cultura, a educação que lhe servem aos seus interesses. Ela faz isso com a mulher, como o faz com o colonizado ou o trabalhador nos países capitalistas. Todos eles são mantidos deliberadamente na ignorância, no obscurantismo e na superstição, com o objetivo de convencê-los a resignarem–se à sua situação, a inculcar–lhes o espírito da passividade e servilismo. (MACHEL, 1980 apud BONFIM, 2018, p. 95).

É essa educação que a Teoria Feminista sempre estará criticando, na qual é criada e reforçada pela sociedade. Simplesmente para servir aos seus interesses. Este tipo de pensamento simplesmente cria a subjetividade feminina em espírito de passividade.

É considerado dotá-las de conhecimentos que contribuem para exerce sua politização em frente daqueles que as menosprezam e as desconsideram. Nesse sentido é necessário segundo (SAVIANI, 1996 apud BONFIM, 2018) passar do sendo comum a consciência filosófica. Nesse sentido, compreende-se que superar o senso comum é entender que na sociedade existem condicionantes sociais e estes necessitam ser compreendidos por todos(SAVIANI, 2000 apud BONFIM, 2018). A educação deve ser favorável a está compreensão.Passar, ou melhor, superar o sendo comum é um trabalho árduo e demorado.

A participação nos encontros formação não foi para reproduzir os conceitos de fragilidade e inferioridade que por anos eram rotulados nas mulheres; mas para fazê-las entender que ainda no século XXI segundo (LUXEMBURGO apud BONFIM 2018) existem correntes que nos prendem, as quais estão atrelados e invisíveis nos processos educativos.

Bonfim (2018) faz um processo reflexivo sobre a emancipação, apoiada nos escritos de Demerval Saviani a autora relata que a emancipação ocorre através de uma profunda reflexão sobre a educação sendo importante conhecer o processo que ocorre da passagem do senso comum para uma à consciência filosófica. Adquirindo conhecimento científico o ser humano irá superar seu saber ingênuo avançandopara uma consciência crítica.

Contudo ressalta Bonfim (2018) que para romper com os preconceitos de gênero necessário é transcender a visão comum e sermos capazes compreender criticamente o contexto histórico–cultural no qual fomos ideologicamente fomos educandos e educandas.

Em função disso, podemos dizer que:

Passar do senso comum à consciência filosófica significa passar de uma concepção fragmentária, incoerente, desarticulada, implícita, degradada, mecânica, passiva e simplista a uma concepção unitária, coerente, articulada, explícita, original, intencional, ativa e cultivada (SAVIANI, 1996 apud BONFIM, 2018, p.154).

Entender os processos educativos no qual estamos inseridos é fundamental. Até mesmo para sabemos questionar tais processos que por vezes são desiguais. Ter uma visão do todo é necessário para buscar transformá-lo. Precisa-se promover essa superação dentro das escolas e na sociedade em geral.

A desigualdade de gênero foi produzida a partir das transformações ocorridas na sociedade de classes. Surgindo à divisão entre dominantes e dominados; sendo a mulher vista como menor ao homem que é detentor dentro da unidade familiar (BONFIM, 2018).

Nesse sentido, no decorrer da historia a educação tem reproduzido os seus interesses e ensina os papéis que a classe trabalhadora tem de assumir.

Esta é uma questão histórica, pois as finalidades da educação sempre estiveram vinculadas aos interesses das classes dominantes, detentoras do poder político e econômico, as quais, objetivando a manutenção de seus privilégios, utilizam–se de um plano ideológico para, mascaradamente, designar às classes desfavorecidas (que SAVIANI chama de “dominados”) definindo quais serão suas posições ou seus papéis na sociedade (BONFIM, 2018, p. 155).

A educação atual ainda reforça os interesses dominantes, no qual excluir qualquer forma de expressão das ideias do povo. Cria a ideia para os dominados, no caso dizemos as mulheres, que não se pode mudar sua a realidade. Condenando-as a assumir um papel por vezes que não lhes é agradável.

Entende-se que a educação não é determinante para a transformaçãoda sociedade, mas ela oferece ferramentas para que uma pessoa possa, por si, engendrar as mudanças, pois a educação é um instrumento de luta (BONFIM 2018).

A educação emancipatória se torna base para a formação de novas mulheres, que respeitam as diferenças. Nos quais deixaram “de ver a mulher como ser frágil, passivo, submisso, como objeto sexual, como propriedade privada” (BONFIM, 2018, p.157). E a escola como espaço de humanização deverá abrir debates para essas discursões e assim formar cidadãos conscientizados sobre a condição e superação das desigualdades.

Reitera a autora que especificamente é “a partir da aquisição do conhecimento, homens e mulheres passam a se olhar como seres humanamente e intelectualmente capazes de contribuir igualmentepara a transformação das relações sociais e, consequentemente, da sociedade” (BONFIM, 2018, p.158). E ensinar sobre esses conhecimentos críticos devia ser papel da escola. Uma escola que busque e queria que seus alunos vivam em uma educação emancipatória.

Ressaltamos que “A emancipação da mulher não se dará numa guerra entre ossexos, homens e mulheres, mas no combate veemente das causas que engendraram a desigualdade de gênero” (BONFIM, 2018, p. 164). A luta por uma sociedade mais justa se dará na união de homens e mulheres contra os condicionamentos sociais do sistema capitalistas que suprime nossa liberdade.

Compreendemos que nossa sociedade precisa amadurecer e avançar em relação a superação da desigualdade de gênero. E esse avanço irá acontecer quando as mulheres forem vistas e tratadas como sujeitas capazes de refletir; no qual deve possibilita-las a aquisição critica do conhecimento historicamente construído.

O CAMINHO METODOLÓGICO

As participantes, como foram supracitadas, moram em comunidades da FLONA. Assim destacamos que “A FLONA de Tefé é uma Unidade de Conservação (UC) de uso sustentável [...] É administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO)” (MACHADO, 2018, p. 17). Nela residem famílias que vivem da prática agroextrativista, da agricultura familiar, pesca, dentre outras práticas.

No decorrer da pesquisa estudaram-se as concepções da pesquisa-ação participante. Essa abordagem que foi utilizada durante a pesquisa para evidenciar e impulsionar o processo de participação das mulheres/sujeitas da investigação.

Ainda que exista teóricos que acreditam que ambos são dois métodos distintos (pesquisa-ação e pesquisa participante). Aqui iremos traçar a partir de nossa experiência que ambos visam o mesmo objetivo, porém com nomes distintos.

Dessa forma, Machado (2015) trata em sua obra dos dois métodos, a autora não utiliza diferenças conceituais, visto que tais são iguais porque visam transformar a sociedade na qual os/as sujeitos/as estão inseridos/as e durante o desenvolvimento da pesquisa apropriei-me dos princípios de ambas as metodologias.

O conhecimento da realidade é primordial para quem faz pesquisas sociais. Ainda mais para no âmbito na pesquisa educacional. Dessa forma, afirmamos que “[...] O conhecimento [...] exige uma presença curiosa do sujeito em face ao mundo. Requer sua ação transformadora sobre a realidade. Demanda uma busca constante. Implica invenção e reinvenção” (MACHADO, 2015, p.32). O ato de busca de novos conceitos e visões para além do que o/a pesquisador/a tem, é um ato de mudança para ele/a mesmo/a.

O início da investigação está datado entre 01 de agosto de 2017 a 31 de julho de 2018, início do projeto. No qual participei de duas idas a campo, a primeira foi nos dias 19 e 20 de agosto de 2017. Onde ocorreu um encontro de formação. Durante esse encontro a equipe realizou os registros fotográficos, anotações no diário de campo e entrevistas.

Também ocorreu no dia 09 de junho de 2018 uma reunião que marcou o início do projeto coordenado pela orientadora, intitulado Feira Agroecológica: mulheres fortalecendo trocas. Houve grande entusiasmo de todas as participantes para o início do projeto.

Salientamos que as Feiras agroecológicas é resultado do trabalho de pesquisa e formação que visou à autonomia das mulheres da FLONA. Porém não irei analisar isto, visto que está análise pode ser realizada através de outras pesquisas.

Durante a reunião objetivou-se um apanhado geral sobre as hortas. E também elas debateram pautas como sobre a ida da dona Edna e Rejiane para o encontro de agroecologia em Belo Horizonte.

Na etapa do projeto também realizei fichamentos como conteúdos sobre: educação, agroecologia, participação, emancipação, entre outros. Outra atividade realizada foi à construção de um quadro conceitual. O quadro era dividido em 3 colunas. Na primeira coluna continha a fala delas de anúncios, a segunda de denúncias e a terceira coluna seria a categoria em que cada fala iria ser classificada, como por exemplo: de autogestão, participação etecetera.

Ou seja, analisei todas as transcrições para saber em qual coluna suas falas iriam de encaixar. Por exemplo, quando elas falavam sobre a importância dos Encontros de Formação para suas vidas, isso entraria na fala de anúncio. Porque disto se entende que estão falando para suas companheiras e pronunciando falas emancipadoras.

Quando elas falavam que alguém da sua família dizia que as reuniões realizadas por elas era perda de tempo, isso soava como uma denúncia que precisava ser feita entre as companheiras. E assim todas mostravam apoio a quem expressava tamanha indignação. Tal fala foi colocada na coluna de denúncia.

Vale ressaltar que todas as atividades que as mulheres realizavam nos Encontros de Formação, reuniões e feiras agroecológicas eram relatados nos relatórios. O que ajudou para a construção do resultado final do PAIC.

É importante ressaltar que a pesquisa não se limitava ao colhimento de dados durante as idas a campo. Porque antes de todos os Encontros de Formação a organizadora, bolsistas e mobilizadoras faziam um reunião de pré -encontro para se situarem sobre o que ocorreria e também ouvir sugestões das mulheres. Ou seja, o que elas queriam e o que se deveria adicionar em cada encontro.

Dessa forma, também faziamos registros fotográficos de todas as reuniões e também quando necessário realizavam entrevistas sobre assuntos que não houve tempo de se fazer nos momentos dos encontros por falta de oportunidade. Porque por vezes, havia várias atividades para elas participarem no dia, como também atividades para a bolsista realizar na organização.

O grupo de pesquisa do qual fiz parte, atualmente, possui um acervo rico em imagens que podem contribuir para outras pesquisas, assim como contribuiu muito para esta pesquisa.

AVANÇOS DA PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES DA FLONA

O processo educativo com as mulheres da FLONA ocorre efetivamente desde 2014, mas minha pesquisa trás análises desde 2016. Nesse sentido que a análise de suas participações demostrou um avanço entre 2016 até 2019. Esse avanço não se caracteriza apenas de forma quantitativa, mas também sim qualitativa.

Preparação para a participação das mulheres no Encontro Nacional de Agroecologia em Belo Horizonte

Figura 01: Preparação para a participação das mulheres no Encontro Nacional de Agroecologia em Belo Horizonte

Fonte: Arquivo da pesquisadora, 15/05/2018.

 

A figura (01) acima mostra a reunião de preparação para o Encontro Nacional de Agroecologia em Belo Horizonte, que ocorreu no mês de Maio de 2018. O Encontro aconteceu entre 31 de Maio a 03 de Junho de 2018. Houve a participação de duas dessas mulheres no Encontro (figura 05). Entende-se que elas estão participando e com qualidade, na forma que se empenham para irem a outros espaços de aprendizagem. Afirmamos então, que elas estão qualificando as suas participações.

Podemos analisar que a participação das que foram para o Encontro em BH, não apenas beneficiou somente a elas. No entanto, essa experiência, ao menos, o relato que foi dito na reunião no dia 09 de Junho para o coletivo, demonstrou a troca de aprendizados entre as que participaram do encontro com as demais.

Podemos observar através da fala da Rejiane :

Eu encontrei várias coisas que eu nunca tinha encontrado por aqui [...]Tem muito conhecimento. Por causa de, muita coisa, muita coisa elas fazem, artesanato. Artesanato de todo o tipo, de todo o tipo que eu nunca vi em Tefé. Então [...] aquelas mulherada tão de parabéns, enquanto nós, nós tem de se organizar bastante. Se nós quer que o nosso produto; se nós quer ter melhoria nós tem que ir à luta [...](Gravada na comunidade São Francisco do Arraia).

Sua participação aumentou de forma qualitativa. Os espaços que elas estão se fazendo presente mostra esse tipo de avanço. O incentivo e a garra para “ir à luta”, é um chamamento para que suas companheiras efetivem suas participações nos trabalhos do coletivo.

A preparação para a feira mostra um exemplo desse aumento da participação qualitativa.

Reunião de articulação da Feira Agroecológica das Mulheres da Flona.

Figura 02: Reunião de articulação da Feira Agroecológica das Mulheres da Flona.

Fonte: Marcela Barbosa, 09/06/2018.

 

A retomada de sua organização para a feira promoveu o aumento qualitativo e iniciativa de todas para “fazer dar certo” esse trabalho. Nesta reunião percebemos a participação e alegria de todas para a primeira feira que foi realizada no dia 31 de agosto de 2018. Vale ressaltar que o projeto propôs a realização de quatro (4) feiras agroecológicas que foram realizadas no Centro de Estudos Superiores de Tefé.

No processo de pesquisa-ação participante as mulheres compreendem seu valor enquanto mulheres, detentoras de direitos e sabem dizer não a atitudes machistas que consequentemente podem ocorrer com elas. Estas estão construindo uma compreensão, a partir do processo que é realizado, que não devem abaixar a cabeça para certas atitudes e palavras que por vezes é dirigido a elas.

Destaca-se a seguinte fala:

A gente tem de ter atitude. Nós temos de ter atitude, lá no meu trabalho né, esse ano só ficou mulheres no serviços gerais. E quando uma parede da horta cai, ai lá vai eu né. Vamos reunir as amigas pra ir levantar a cerca né, enfiar os paus e pregar. Ai uma das minhas colegas falou assim: “Tu deveria ter nascido homem”. Eu digo não para com isso, para com isso, Deus me fez assim, mas ele quer de mim atitude. Então é por isso que eu faço isso. Que eu sou capaz de fazer isso, da mesma maneira que os homens. [...](Gravada na comunidade São Francisco do Arraia, 08/10/2016).

Nota-se que é rejeitado o preconceito no que se deve fazer enquanto realização do trabalho. Na fala percebe-se que ela não esperou nem chamou um homem para realização do serviço, negando, o sentimento de inferioridade que a sociedade inculca na mulher ao realizar um trabalho dito masculino.

AS RELAÇÕES CONFLITUOSAS DAS MULHERES DA FLONA

No refere-se à pesquisa com as mulheres, encontramos situações inusitadas e conflituosas. Na sua organização, ou seja, na organização das mulheres percebemos muitos conflitos. Entendemos a necessidade da equipe realizar mediações ou mesmo dê algumas direções. Isso acontece nas reuniões que observamos, havendo uma pauta de trabalho coletivo, surge o conflito.

Surgem conflitos sobre a venda dos produtos da horta.

Ei, Rejiane, eu vou dar só um ponto de vista pra vocês. Eu acho. Eu não vou afirmar, mas eu acho que o que tá faltando em vocês é uma coisa mínima, mínima, mínima. Sabe oque que é?! Eu vejo assim, a Fran é mobilizadora? – é sim. Tá na responsabilidade dela? – sim. Só que, como tamo questionando. A horta não é só da Fran. E não é só a Fran que tem de vender o produto (Rosa, 19/08/2017 -Gravada na Comunidade São Francisco do Bauana).

Surge também conflito entre o grupo e as mobilizadoras, entre eu “nem queria ser esse negócio de mobilizadora, só por causa dessas críticas”, isto foi dito em resultado da acusação de que ela “só quer mandar”. Tais palavras expressam a necessidade de diálogo vista por uma membra da equipe “[...] É como ela falou – Essa briga parece briga pra quem é de fora –. Por que tem uma que fala manso, tem outra que fala gritando. Mas não é que ela tá brigando, é o jeito. Ai oque que acontece? A gente tem de aprender a conversar [...]”. Isso demostra que ainda temos muito que caminhar no processo formativo com as mulheres para sua autogestão.

Ao destacar o conflito como algo ocorrente no âmbito do processo educativo e interativo no grupo de mulheres, surge em meio de nossas pesquisas um autor que trata desse tema como algo natural.

A partir dessas afirmações, na maioria das vezes descrevemos o conflito como algo indesejado e devastador. Nunca como algo necessário e benéfico. Segundo Simmel “O significado sociológico do conflito (Kampf), em princípio, nunca foi contestado. Conflito é admitido por causar ou modificar grupos de interesse, unificações, organizações” (SIMMEL, 2011, p.568). Ao pensar, ler e falar a palavra conflito sempre o que vem em mente é o embate que se pode haver entre pessoas ou grupos de pessoas. Porém Simmel (2011) em seu livro “O Conflito como sociação” dá um novo significado para está palavra.

Nesse sentido a palavra conflito e seus atos em si, tem certo valor nas relações sociais existentes “Se todas as interações entre os homens é uma sociação, o conflito, - afinal uma das interações mais vivas, que, além disso, não pode ser exercida por um indivíduo sozinho, - deve certamente ser considerado como sociação” (SIMMEL, 2011, p.568). Sabendo que o conflito não pode ser feito por um só individuo, a partir da reflexão do Simmel, dizemos que este existe nas esferas dos mais variados grupos. É algo inevitável.

O conflito deve ser visto como uma ferramenta para resolver problemas. “Conflito é, portanto, destinado a resolver dualismos divergentes, é uma maneira de conseguir algum tipo de unidade, mesmo que seja através da aniquilação de uma das partes em litígio” (SIMMEL, 2011, p.568). O conflito então é algo eminente, ainda que visto por aqueles que estão de fora, da contenda ou que nem se quer fazer parte, como algo ruim. Este torna-se necessário para a solução de problemas.

As relações opostas existentes dentro do dinamismo conflituoso estão interligadas entre si.

É próprio do conflito resolver a tensão entre contrastes. O fato de que visa a paz é apenas um dos possíveis contrastes [...].Em contraste com tal negatividade pura, o conflito contém algo positivo. Seus aspectos positivos e negativos, no entanto, estão integrados: podem ser separados conceitualmente, porém não empiricamente (SIMMEL, 2011, p.569).

O autor considera que as relações conflituosas não tem separação em sua prática concreta. O conflito ajuda ambas as partes em seus embates para haver uma conciliação, melhoramento.

As relações existentes no mundo precisam de certas dosagens de harmonia e desarmonia, de convergência e divergência para encontrar o equilíbrio. Por que:

Assim como o universo precisa de “amor e ódio”, isto é, de forças atrativas e repulsivas, a fim de dispor de qualquer forma, do mesmo modo, a sociedade, também, para atingir uma forma determinada, precisa de alguma razão quantitativa de harmonia e desarmonia, de associação e de concorrência, de tendências favoráveis e desfavoráveis (SIMMEL, 2011, p.570-571).

As relações conflituosas são necessárias para alcançar “formas” como relatou o autor. O autor relata que a sociedade não foi formada por apenas forças positivas, mas de relações conflituosas, nas quais ambas tem positividade [7]. Em relações grupais com grandes quantidades de participantes poderá haver muitos conflitos, muitas convergências e divergências. Mas isto é necessário para melhor formar o grupo.

Os conflitos são inevitáveis. No meio desses conflitos existe o momento que elas refletem sobre o ocorrido. Observa-se no fragmento da fala de uma entrevistada logo após a agitação “Às vezes tem esse tipo de conflito, mas eu creio que isso são mínimas coisas, que a gente pode resolver”(Gravada na Comunidade São Francisco do Bauana). Com certeza a camaradagem que une essas mulheres é maior do que qualquer confusão. O respeito enquanto a companheira do grupo está com a palavra é sempre reforçado. A equipe tem o papel de amenizar esse tipo de situação.

Precisamos entender como educadores que é impossível evitar o conflito emergente, porque este estará incluso dentro de um grupo ainda que existam pessoas com leves formas de pensar.

Se o conflito então é algo necessário para que o grupo encontre uma melhor forma para estabilizar o grupo, precisamos fazê-las compreender que as mínimas coisas são essenciais para que o grupo chegue ao um consentimento sobre qualquer questão.

Reconhecemos que conflitos vão surgir e mesmo estes sendo necessários, educadores e educadores ainda que saibam dessa necessidade, é preciso exercer um trabalho educativo para que o grupo entenda essa relação entre equilíbrio e desiquilíbrio dentro do grupo. Nesse sentido surgir o/a professor/a como mediador/a de conflitos. Com base em Freire (2016) queremos construir caminhos para diálogos emancipadores.

Se o diálogo é o encontro dos homens para ser mais, não pode fazer-se na desesperança. Se os sujeitos do diálogo nada esperam do seu quefazer, já não pode haver diálogo. O seu encontro é vazio e estéril. É burocrático e fastidioso [...] Somente o diálogo, que implica um pensar crítico, é capaz, também, de gerá-lo (FREIRE, 2016, p.140-141).

Se o diálogo possibilita um pensar crítico, este deve contribuir para o avanço e melhoramento da relação dos homens e mulheres na sociedade. O diálogo verdadeiro deve se construir no respeito. Este se estabelece na conversar respeitosa. Ensinar que podemos expressar nossa opinião sem machucar as outras pessoas é essencial. Ou seja, precisa-se ensinar à todos que em momentos de instabilidades é preciso estabelecer o diálogo verdadeira e impaciente. Ensinar que não devemos desprezar aqueles que não concordam com nossas opiniões. E que o respeito e o saber ouvir é algo que deve se aprendido e que deve permanecer.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluímos nessa etapa da pesquisa algumas questões limites. Percebemos que ainda existem falhas no processo de organização por uma série de questões. Nesse sentido, as mulheres precisam caminhar mais ainda nesse processo de emancipação construído por elas.

1. No processo histórico sempre foram submissas

No decorrer da história as mulheres foram socialmente consideradas inferiores e ainda este pensamento é reproduzido por várias pessoas. Não foi diferente para as mulheres da FLONA, que sempre tiveram suas vidas voltadas para o lar e consequentemente para a obediência ao marido. E por essa submissão que é histórica, a sua auto-organização se torna um desafio. Como também arrancar a raiz de submissão existente nas mulheres.

2. Escolarização que dificulta a compreensão

Levando em consideração o baixo grau de escolaridade e a grande necessidade da Educação de Jovens e Adultos nas comunidades, compreender o que é dito torna-se um limite nesse processo. Entender as atividades a serem realizadas no encontro de formação; tendo de ser repetida algumas vezes a solicitação.

3 Distâncias entre comunidades

Outra questão que torna uma dificuldade enfrentada nesse processo são as distâncias entre as comunidades. A comunicação por vezes fica extremamente difícil. Limita a mobilização. Por exemplo, em seus relatos ouvimos e analisamos a questão de “não pega sinal”, não “consigo ligar”. As mobilizadoras tentam avisar todas as participantes, dias antes das reuniões. “Repassar o recado” para uma terceira pessoa que irá até tal comunidade, onde moram as participantes, às vezes, é a única opção.

Essa distância também por vezes dificulta a pesquisadora, por que nem sempre há transporte para irmos até a comunidade, por exemplo, quando a necessidade de realizar reuniões ou entrevistas. E a ida da de Tefé até a comunidade tem a existência de custos.

Mapa da FLONA

Figura 03: Mapa da FLONA

Fonte: Machado, 2016. In: Educação de mulheres das águas e da floresta: pelo direito a participar.

 

Através da figura podemos perceber as distancias existentes entre as comunidades e o quanto acesso a elas é dificultoso.

Essa questão sobre dificuldades entre as distâncias envolvendo pesquisadoras e sujeitas da pesquisa foram discutidas na monografia de Castro (2017) aonde esta afirma que “As grandes dificuldades para a pesquisadora comprometida com sua pesquisa significaram incentivos para o desenvolvendo de seu trabalho, buscando dados e levantando questões que provoquem reflexões acerca do problema pesquisado (CASTRO, 2017, p. 60-61). Mesmo com as dificuldades existentes durante a pesquisa, ainda assim não perdemos o foco que é sempre visibilizar aqueles que estão historicamente a margem das regalias da sociedade.

4. Tripla jornada de trabalho dessas mulheres

Sabemos que a tripla jornada na vida da mulher brasileira é existente. Ainda que existam controvérsias. A vida das mulheres da Flona de Tefé não é diferente. Existem algumas que tem de conciliar o papel de dona de casa, estudante e o seu emprego. Essa jornada é cansativa e muitas vezes frustrante. Realizar as tarefas nas hortas, às vezes, torna-se um limite, com tantas tarefas para serem realizadas.

5 Llimite em fazer a educacao popular formação de liderencas.

Como Universidade, que somos, entendemos a falta de condições para a realização dos Encontros de Formação com as mulheres. Não somente na falta recurso para adquirir materiais e realizar o processo da educação popular. Nesse limite, realizam-se os encontros às vezes semestrais, torna a formação de lideranças em passos lentos. Até agora pode observar apenas duas mobilizadoras.

Percebemos que os “medos” estão sendo superados dentro do grupo de mulheres e que, aos poucos, o receio de falar diante de suas companheiras vai se transformando em participação política.

Portanto, pesquisa foi envolveu vários momentos e coletas de dados. Como foi supracitado há um acervo muito rico sobre o grupo de mulheres e suas investigações sobre as situações problemas. Deixo aqui a importância de analisar as feiras agroecologias como um grande resultado do processo de pesquisa-formação iniciado em 2014 que visou à autonomia das mulheres da FLONA e onde a atuação delas está dentro da universidade. Porque naquele espaço elas trocam saberes com os estudantes e quem mais estiver interessado a conhecer seus saberes tradicionais e também as formas técnicas que elas aprenderam com as instituições parcerias.


REFERÊNCIAS

BONFIM, Cláudia. A condiçãohistórica da mulher: contribuição da pedagogia histórica-critica na promoção da educação sexual emancipatória. 1.ed. Eletrônica. Uberlândia /MG: Navegando publicações, 2018.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação popular . São Paulo: Brasiliense, 2006.

DIAZ BORDENAVE, Juan E. O que é participação . 8. ed. São Paulo: Brasiliense,1994.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. – São Paulo: Paz e Terra, 1996. – (Coleção Leitura)

________. Política e educação: ensaios. 5. ed - São Paulo, Cortez, 2001.

________. Pedagogia do Oprimido . 60. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2016.

FUSER, M.C. Marxismo e Emancipação da Mulher. In: VI Colóquio Internacional Marx e Engels , 2009, Campinas – SP. 6° Colóquio Marx Engels – Anais, 2009.

LENIN.V.I. Sobre a Caricatura do Marxismo e o “Economismo Imperialista”. IN: ______. Sobre a Emancipação da Mulher . São Paulo: Alfa- Omega. p. 41-44.

MACHADO, R.C. Fraga. A realidade socioeconômica das mulheres da FLONA de Tefé. In: MACHADO, R.C; GAMA, Aido. (Orgs). Mulheres, organização e produção agroecológica: Floresta Nacional de Tefé. Curitiba: CRV, 2018.

MACHADO, R. C.Fraga. Pesquisa como um processo de investigação, de educação e de ação. IN: ______. Trabalho e educação necessária : para ir além. 1.cap. Manaus: UEA Edições, 2015. p. 23- 61.(Tese de doutorado).

SIMMEL, Georg, O conflito como Sociação . Tradução: Mauro Guilherme Pinheiro Koury. RBSE – Revista Brasileira de Sociologia da Emoção, 2011. v. 10, n. 30, p. 568-573.


[1] Graduada em Licenciatura em Pedagogia, pela UEA.

[2] Professora do PPGEDU/UEA. Pós-Doutora pelo Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Bolsista PNPD/CAPES. Doutora em Educação pelo Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

[3] Programa de Iniciação Científica.

[4] [...] educação popular emerge como um movimento de trabalho político com as classes populares através da educação (BRANDÃO, 2006, p. 75). E pensar a educação popular nos faz refletir sobre o próprio sentido da educação. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação popular. São Paulo: Brasiliense, 2006.

[5] O projeto foi coordenado pela Drª Rita de Cássia Fraga Machado.

[6] A construção das hortas agroecologias iniciou-se em 2016, que visa o desenvolvimento econômico e geração de renda para as mulheres da FLONA.

[7] O autor relata sobre os conflitos existentes na unidade individual e a unidade dos indivíduos (a sociedade), porém o foco não é analisar a abordagens dele nessas unidades.


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